terça-feira, 12 de junho de 2018

No dia dos namorados, um soneto para os fantasmas

Meus pais, no lançamento de Viagens de uma Caneta
Marcando mais um aniversário do meu primeiro livro, lançado por puro acaso às vésperas do dia dos namorados de 1992, aproveito para quebrar o jejum deste blog, onde não publicava nada desde março.

Não sei se se presta muito bem à efeméride, pois que nele a ironia, como de costume, se mete a disfarçar o romantismo (ou a rir dele). Julgue o leitor.



SONETO VIII


para Lu

Em torno a mim, bailando
vêm as amadas mortas, queridas,
e as esquecidas, ainda agora tentando
em mim prolongar suas vidas.


Por um nada não fomos felizes,
dizem umas, e logo ao meu pescoço
se lançam. Outras, de empinados narizes,
me acusam: "– Já não parece tão moço..."


E dançam, com vontade, as musas
de outrora, com escárnio ou ternura.
E logo a elas se juntam, confusas,


outras tantas lembranças, em tal mistura
de louras, negras, índias e cafuzas,
que já não sei meu coração o que procura.

(24/1/1991)

Um comentário:

  1. Santi, sempre curvas, retas, morenas, loiras e muitas, as suas linhas, belas linhas.
    Abraços ao amigo!

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