sábado, 17 de setembro de 2016

Home, sweet ou nem tanto home

ou "naquele tempo em que eu e o Paulo Coelho estávamos na mesma editora"

Reparem no anúncio da contra-capa.
(Clique na imagem para ampliar)
Tava outra vez meio sem ideia esta semana, depois de ter "comemorado" por antecipação a Semana Farroupilha e até a Primavera... Qual seria o próximo poema?
De molho em casa, saindo duma gripe braba, me arrisquei (ou fui obrigado, antes que se abrigassem animais de grande porte no jardim) a cortar a grama. Por conta dessa tarefa tipicamente pequeno-burguesa, costumo lembrar dum poeminha, se não me engano o primeiro que vi impresso, no longínquo ano de 1983, após "vencer" um daqueles "concursos" para incautos, cujo "prêmio" é o direito de pagar pela edição do livro contendo o seu poema.
Curioso é que a Editora Shogun, do Rio de Janeiro, promotora do tal concurso, pertencia a Christina Oiticica, esposa de um então candidato a escritor, chamado... Paulo Coelho. Cujo livro, lançado à época pela mesma editora (ver imagem), pode ser comprado hoje num sebo por módicos R$ 1,5 mil. O sucesso é para poucos.
O poema até não era ruim, mas por ter deixado de ser inédito, acabou excluído dos meus livros individuais. Mas resolvi dar uma melhorada nele hoje, removendo os últimos quatro versos. Ficou assim:

CASA


Me lembra o quarto escuro
e a claridade do jardim.
O chão lustrado
e a grama aparada,
num domingo morno,
véspera de chuva.

Um antes de mim que me lembra
o antes de tudo:
– No princípio nada havia?
Havia sim, mas eu dormia.

E agora, por que não consigo
ficar neste quarto
e neste sol?

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