O Poema "Preso-Livre", escrito por Álvaro Santi em 2020 durante a quarentena e que já havia sido finalista do Festipoema de Pindamonhangaba (leia o poema neste link), foi classificado em terceiro lugar no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes - VI Edição.
Em 2018, o autor teve seu poema "Manguezal" agraciado com menção honrosa no mesmo concurso.
Realizado pelo Sindi Clube em parceria literária com a FENACLUBES e APL - Academia Paulista de Letras, o prêmio tem o objetivo de promover e incentivar a literatura nas agremiações de todo o Brasil.
Nesta edição, 40 clubes de 18 cidades participaram inscrevendo 31 poesias, 35 crônicas e 48 contos. Um total de 114 obras foram avaliadas pela comissão julgadora, composta por Joaquim Maria Botelho – membro da UBE – União Brasileira de Escritores (relator); Mafra Carbonieri – membro da Academia Paulista de Letras e Marcelo Nocelli – escritor e editor.
A premiação, no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), R$ 1.000,00 (um mil reais) e R$ 500,00 (quinhentos reais), respectivamente, é entregue ao primeiro, o segundo e o terceiro colocados de cada categoria.
A comissão julgadora relatou que a temática das obras da 6ª edição apresentou um traço comum: uma tendência reflexiva dos tempos incertos que vivemos. “Cada autor, a seu modo, nos convida a pensar. E é pensando que mudamos o mundo”, finaliza a comissão em seu detalhado parecer.
Confira a seguir as obras vendedoras e o parecer dos jurados!
PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA DOS CLUBES
POESIA, CRÔNICA E CONTO | 6ª EDIÇÃO | 2021
Obras vencedoras / poesia, crônica e conto
POESIA
Primeiro lugar | Magnos A. B. Castanheira | “Paisagem em desespero” | Clube Esperia (São Paulo – SP)
Segundo lugar | Maria Antonieta Fernandes de Souza | “Nu frontal” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
Terceiro lugar | Álvaro Santi | “Preso / livre” | Grêmio Náutico União (Porto Alegre – RS)
Menções honrosas:
1– Ivani Soares | “Ressignificações” | Clube Recreativo Dores (Santa Maria – RS)
2– Luiz Carlos Ladeia | “Palavras sem nexo” | Clube Esportivo da Penha (São Paulo – SP)
3– Luiz Carlos de Moura Azevedo | “Quero pedras” | Sociedade Harmonia de Tênis (São Paulo – SP)
CRÔNICA
Primeiro lugar | Beatriz Varani Eleutério | “As histórias de cada um” | Círculo Militar de Campinas (SP)
Segundo lugar | Ricardo Lahud | “Espírito de sereia” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
Terceiro lugar | Thamara Cristhine Santos de Assis | “Lições de elevador” | Clube Dom Pedro II (Conselheiro Lafaiete – MG)
Menções honrosas:
1– Eurico Cabral de Oliveira Filho | “Cavalo marinho” | Anhembi Tênis Clube (São Paulo – SP)
2– Carlos Augusto de Assis | “Começo” | Clube Esportivo Helvetia (São Paulo – SP)
3– Maria Fernanda Mendes Pereira | “O que a luz nos esconde na escuridão?” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
CONTO
Primeiro lugar | Maria Helena Figueiredo Vieira | “O quarto de dentro” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
Segundo lugar | Jeanette Rozsas | “Jane Austen, o vampiro e um caso de amor” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
Terceiro lugar | Maria Célia Nunes Borges de Lima | “Amor proibido” | Minas Tênis Clube (Belo Horizonte – MG)
Menções honrosas:
1– Carla Figueiredo Vieira | “O grande abismo” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
2– Jacqueline Harsche Rodrigues | “O que habita rachaduras” | Associação Desportiva Centro Olímpico (São Paulo – SP)
3– Danielle Martins Cardoso | “Abayomi” | Club Athletico Paulistano (São Paulo – SP)
Fonte: Site do Sindi Clube (sindiclubesp.com.br)
Toda semana, um poema, ou quase. Era uma vez uns versos que ficaram presos ao papel, em livros, cadernos e gavetas, por anos a fio. Até então acessíveis a poucos, agora andam soltos, passeando pelo hiperespaço e além.
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
Poema "Preso-Livre" premiado em concurso nacional
terça-feira, 23 de novembro de 2021
Meu poema sobe ao palco em Pindamonhangaba
"Estarei", claro, é modo de dizer. Meu poema "Preso-Livre" é que vai estar sendo declamado por lá. Resultado de um desafio proposto pela Fundação Iberê Camargo, em torno da situação de isolamento social, foi escrito em junho do ano passado.
O XV Festipoema terá transmissão ao vivo pelo canal da Prefeitura de Pindamonhangaba no Youtube. Mas os leitores do blog podem ler aqui o poema, em primeiríssima mão.
Preso e protegido
(por enquanto, ao menos)
nesse apartamento:
pássaro cativo,
morrendo de medo
de sair do ninho.
dentro de uma cela
ou num casamento.
que nunca dão trégua;
preso (não tem jeito)
à ilusão das telas.
de suas escolhas;
por grave delito;
a um amor antigo.
ao pecado, ao vício,
a um corpo finito,
a uma vida pouca.
todos os entraves:
alma impenetrável
àqueles olhares
prontos a julgarem
o que não lhes cabe.
não enxerga o mal,
aberto aos convites
que a vida lhe faz.
Livre qual o cometa,
no espaço infinito,
zomba dos planetas,
em seus rumos fixos.
qual lagarta presa
em roupão de seda,
pendente de um fio,
que, sem prévio aviso,
numa tarde quente,
vira borboleta
e ganha o vazio.
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Operita Violoncello: a poesia sobe ao palco
Na foto de Cláudio Etges, da esq. p/dir: Pâmela Mânica, Raul Voges, Ângela Diel, Daniel Germano e Janaína Nocchi. |
Há um instante na paixão
Quando ainda não falei
E o que vou falar, nem sei
Só imagino o sim ou o não
Há na paixão um instante
Que vai passar sem demora
Que pode levar meia hora
Que nunca dura o bastante
JUAN
Há um instante na paixão
- Quem sabe o melhor de todos?
O presente cheira a novo
E o futuro é multidão
Há na paixão um momento
Que é gostoso prolongar
Que vem antes de se dar
Aquele passo primeiro...
... Rumo ao coração do outro
Antes do primeiro desencontro.
O melhor do amor é essa vertigem
Não saber ao certo em que vai dar
Por mais que eu imagine
O prazer maior é imaginar
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
A morte do tirano (poema inédito)
Meu poema "A morte do tirano" foi um dos que receberam menção honrosa. Todos os textos premiados estão reunidos num e-book.
Para os leitores do blog, adianto aqui o poema, até então inédito. Ele começou a ser esboçado em novembro de 2015, recebendo cortes e acréscimos em 2016, 2018 e 2020, até chegar à versão final (por enquanto), enviada ao concurso em abril deste ano.
A Morte do Tirano
pode ser que alguém duvide,
mas eu lhes digo e garanto:
muita gente ficou triste.
Pai dos mortos dos vivos,
atentos olhos e ouvidos
a nos proteger do mal,
onde o mal fosse brotar.
Mal que tinha muitas caras
invisíveis e sem nome:
era preciso nomeá-las
mantê-las sob seu controle.
(O bem tinha um nome só,
que vivíamos recitando
até sabermos de cor:
era o mesmo do Tirano.)
O mal que nos ameaçasse,
era feito uma neblina,
mal discreto, que sabia
disfarçar-se de beleza.
Mas não podia enganar
o nosso supremo líder,
com o seu faro infalível
e o seu penetrante olhar.
Muita gente foi expurgada
dos empregos, das famílias,
expulsos das próprias casas
saqueadas pelas milícias.
Silenciados, os artistas
(seus piores inimigos)
foram presos ou banidos;
suas obras, proibidas.
Houve os que se revoltaram:
seus corpos, despedaçados,
foram expostos no alto
dos postes, muros, fachadas...
Devorados, sem demora,
por corvos, lobos e ratos,
com eles foi-se a revolta,
da qual ficamos curados.
E pra que o peso excessivo
da culpa pelas maldades
que o Tirano cometera
de pronto não o esmagasse,
nós com ele o dividimos,
aliviando sua consciência.
Quem, outrora, a cavalgar
sobre os corpos dos vencidos,
em incontáveis batalhas,
grande alegria encontrava,
ora de pena era digno;
pois de uns tempos para cá,
já não era mais que a sombra,
o tirano, do que fora.
Esses mortos, ele os via
como se estivessem vivos,
quais minúsculas formigas,
no açucareiro de prata
que lhe trazia a criada
pra adoçar o chá das cinco.
E o medo, seu grande aliado
voltou-se contra ele mesmo,
passando a ser costumeiro
conviva, sempre a seu lado.
E ao ver no esquife o seu corpo
receber tais homenagens
(agora, que estava morto,
ainda mais altas que em vida),
ninguém imaginaria
que ele era tão covarde.
Pois o Tirano, eu garanto
(e isso era dele segredo,
que ninguém ficou sabendo),
senhor da morte e da vida,
dono de léguas de campo,
com tudo que havia em cima,
tendo aos pés o mundo inteiro,
não foi senhor de si mesmo.