domingo, 12 de março de 2017

Chega, Outono

Há cerca de um mês, ao voltar de férias, soube que meu local de trabalho ia mudar. E graças ao acaso, ao destino ou simplesmente às idas e vindas da nossa política, acabei não apenas no subsolo de uma biblioteca - eu, que devo tanto às bibliotecas - mas também no local onde funcionava a Coordenação do Livro e Literatura, onde pela primeira vez tomei contato com as políticas culturais da SMC (e as pessoas que as faziam acontecer), ainda cerca de um ano antes de eu mesmo me tornar parte desta instituição.

Foi lá que foi gestado, dentro de uma falecida coleção chamada Petit PoA, meu segundo livro, O Primeiro Anel (1996), já conhecido dos leitores deste blog. E que contém o poeminha sem título que segue, pensado num dia chuvoso como o de hoje, com vagas saudades do verão, numa parada de ônibus. (Aos leitores de fora do RS, é preciso esclarecer que Cidreira é uma praia.)

Um dia de outono escuro e molhado,
enchentes em todo interior do estado.
No abrigo-ilha, em ansiosa espera 
pelo ônibus, a gente se aglomera.

— Lá vem ele! - E posso ouvir com clareza
o suspiro, inundado de tristeza,
único som na multidão inteira...
É que este ônibus vai para Cidreira.

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