"Areia preta na praia / Sobre a branca faz desenhos" |
A cerimônia de entrega será no dia 26 de novembro, no Clube Paulistano, em São Paulo. Os trabalhos premiados poderão ser publicados em livro.
O poema, que transcrevo a seguir, foi inspirado num passeio de canoa pela foz do Rio de Contas, em Itacaré BA, em 2015. Sobre ele, assim se expressou o júri formado pelos escritores Anna Maria Martins, Mafra Carbonieri e Joaquim Maria Botelho: "Um exercício ternário, trissílabo, remete a um gotejar de acontecências que se espraiam em heptassílabos, caem para redondilhas menores e reassumem o ritmo ternário. Isso, na forma. No conteúdo, debate social, inquietação e inconformismo."
Mas há outra característica sonora no poema, tão importante quanto o ritmo, que aparentemente escapou aos jurados: as rimas assonantes. São mais de 20 palavras paroxítonas com as vogais Ê + O (de preto/negro) e Ê + A (de preta/negra), presentes na maior parte dos versos. Confere aí:
Manguezal
Sexta-feira
Cai a noite
Lama negra
No horizonte
Lua cheia
De janeiro
Vai nascendo
Urubus no vento
Sobre o manguezal vermelho
Cidade dos caranguejos
O fumo negro da usina
Comendo a cana, comendo.
Areia preta na praia
Sobre a branca faz desenhos
Cais de pedra
Sem conserto
Água lenta
Rio que escorre
Prisioneiro
O menino magro
Vem sorrindo à toa
Tarde boa
Peixe farto
Rede cheia
O menino preto
Desce a correnteza
Pão na mesa
Bom de remo
Vai vivendo.
lindo!
ResponderExcluirValeu, grato pela leitura.
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