Pelo final dos 1980, quando eu ainda não era pai, mas volta e meia alguém adormecia com aquelas musiquinhas que eu tocava. (Foto Vera Zagonel) |
Reparem que o retrato doméstico, que inicia naquele clima de pai herói e protetor, termina na reflexão existencial, provocada pelo múltiplo sentido dos dois versos finais, onde "meu turno" é não só essa hora indefinida de uma noite qualquer, mas também o tempo tão bom de criar os filhos, que um dia se acaba; ou a duração total da minha vida. Eis o motivo pelo qual gosto tanto deste poema singelo.
Sentado à porta
do quarto delas
eu conto histórias.
Armado apenas
de um violão,
eu monto guarda
contra os fantasmas,
que às vezes vêm
de não-sei-onde.
Passada a noite,
terão sumido.
Meu turno findo,
irei também.
Parabéns !
ResponderExcluirGrato e bem-vindo ao blog.
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