Já em clima de Dia dos Pais, o poema desta semana faz parte de um conjunto intitulado "Ser pai, ser filho", incluído em meu último livro, Luta+vã (Libretos, 2012). Na próxima postagem, darei sequência ao tema.
I.
A mão de meu pai sobre meu ombro
magro, a um tempo conforto e aviso:
– Segue por essa rota, filho,
ou com certeza irás cair!
Cair, no caso: mera obrigação
de menino que se preza.
Quando caio, cumpre-se a Justiça
de Deus; cai de meus ombros o peso
do pecado, e da boca do pai
a frase, feito pedra, cai:
– Bem que eu avisei!
E passo assim em quedas a vida,
sucessivas, cada vez mais altas,
mas todas muito bem previstas.
(E até, alguma vez,... desejadas?)
Nenhum comentário:
Postar um comentário