Esta semana, uma pessoa que não fala português, a quem fui apresentado por uma amiga comum como "poeta e músico", perguntou-me à queima-roupa sobre o último poema que eu havia escrito. Enquanto puxava em vão pela memória (nunca tive talento para memorizar poemas, meus ou de outrem), tentei ganhar tempo, explicando meu método de trabalho, que consiste em anotar ideias (em geral versos, com um certo ritmo) num caderno, parte das quais eu retomo (dias, meses ou anos) mais tarde, até ficar medianamente satisfeito com o resultado e então passar a limpo para o computador. Isso tudo em inglês, e depois de algumas cervejas... Resultado: não convenci nem a mim mesmo.
Como leitor de poesia não é coisa que anda por aí dando sopa, e não lembro de jamais me terem feito tal pergunta, apresso-me a respondê-la aqui. Assim, quem sabe, a língua portuguesa e eu ganhamos mais uma leitora. Vai aí então, como prova de que o blog não vive só do passado longínquo, essa canção despretensiosa e por ora sem nome, finalizada mês passado (se bem que ainda pode ser melhorada):
Não me entrego assim,
tão
fácil. Não de graça.
Fecho
a cara, sério:
há
mistério em mim.
Não
que eu me preserve:
preciso
um pouco mais
de
espaço em torno
para
traçar meu rumo
Não
me entrego fácil,
simplesmente,
me reservo
o
direito de ir em frente.
Quase
sempre erro, e feio.
Não
me entrego, é certo:
se
errar é humano,
e
o engano é belo
acertar
não quero.
Mto bonito, Santi!
ResponderExcluirObrigado, companheiro.
ExcluirQue bonito, Santi! Agora é que eu quero ver se o meu inglês chega lá: vou tentar traduzir a poesia do teu poema para nossa amiga holandesa!
ResponderExcluirAbraço e muito obrigada!
Agradeço o esforço e já estou curioso de ver o resultado. Um abraço.
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