sexta-feira, 29 de abril de 2016

O Primeiro anel (2): A capa, poemas viajantes e um soneto

A capa, da Cristiane Löff, era padrão para a coleção,
só mudando a cor para cada novo livro.
Na primeira postagem, sobre o aniversário de 20 anos de O primeiro anel, meu segundo livro, fiquei devendo a capa. Ei-la. O título do livro (é a primeira vez que explico isso) fazia referência ao ano de Saturno, equivalente a 29 anos e alguns meses na Terra, período que segundo a Astrologia marcaria um largo ciclo na vida humana e que vinha a ser a idade que eu tinha enquanto o livro estava em preparo, tempo em que efetivamente sucederam mudanças marcantes em minha vida. "Anel", aqui, portanto, significa órbita ou ciclo, mas faz também referência aos belos anéis que caracterizam esse planeta. O projeto original do livro tinha quatro seções, em ordem cronológica, mas devido à limitação do formato da coleção Petit PoA acabou saindo somente a última, que continha os poemas mais recentes.

Para quem não mora em Porto Alegre: os poemas são impressos...
Por ocasião do lançamento, dois dos poemas - o "Soneto XV" e um poema sem título - já tinham circulado muito pela cidade... de ônibus. É que eles foram selecionados numa das primeiras edições do projeto Poemas nos ônibus, em 93/94. O sucesso desse projeto da Secretaria Municipal de Cultura era tamanho que até hoje nenhum de meus poemas foi tão popular (com exceção do Hino de Lajeado, do qual falarei em breve). Ei-los aí, em suas versões originais.

Um soneto é sempre um desafio, e costuma dar trabalho. Mas não é ponto de partida: é só quando o poema já está bastante bem esboçado que constato, com certa alegria, que o jeito que ele vai tomando se aproxima dessa forma clássica. Só escrevi uns trinta e poucos até hoje, o que dá uma média de um por ano, mais ou menos. Mas o trabalho vale a pena. No prefácio do meu terceiro livro, Dança das Palavras (1998), o Luís Augusto Fischer escreveria que...
... em adesivos como esses, colados às janelas dos ônibus.

"Na forma do soneto, por exemplo, o Álvaro é seguramente um dos mais hábeis poetas de nosso tempo e em nossa língua. Pode alguém achar que isso não é vantagem muita. Não faz mal. Fazer soneto não é para qualquer bico (de pena)."

Reparem que este aí só tem duas rimas diferentes, em "im" e "ão". Pobres à primeira vista, pela insistência acabam produzindo um efeito interessante, ecoando a alternância dos opostos "sim" e "não", que representam o estado de ânimo de quem precisa desapaixonar-se (ou largar o vício?) para sobreviver e seguir em frente.



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